Muitos tutores me perguntam se podem dar alimentação natural para os filhotinhos ou se precisam esperar eles ficarem adultos para começar.
Acontece o seguinte: durante o primeiro mês de vida, os filhotes se alimentam apenas de leite materno. A partir dos 30 dias, se inicia a fase de desmame e a partir daí ele já pode comer comida, além do leite da mãe. Normalmente, a comida que se serve nessa fase é a mesma que a da mãe. "Mas o filhote vai comer comida de adulto?!" Sim! Já parou pra pensar o que os filhotes de animais carnívoros comem na natureza? A caça que os pais trazem! Não existe uma "presa especial para filhotes"!
Durante o segundo mês, os filhotes naturalmente passam a tomar menos o leite materno e ao completar 60 dias, os filhotes podem continuar com esse hábito, se alimentando apenas de comida.
Adotei/comprei um filhote e ele já está ração. Posso passar a dar alimentação natural desde o primeiro dia em casa?
Não recomendo!
Não que não possa dar comida, mas uma mudança dietética tem potencial de gerar alterações nas fezes para alguns filhotes. É importante fazer uma trnasição adequada para minimizar a chance de isso acontecer. E o filhote já passa por um grande estresse ao sair convívio da ninhada e ir para um ambiente totalmente diferente, que por si só já tem o potencial de gerar alterações gastrointestinais por estresse! Mudar a também a comida nesse momento, é muita informação pro pequeno assimilar.
Sugiro aguardar 3-4 semanas, deixar o filhote se ambientar, e aí sim iniciar a transição da ração para a comida.
Como ajustar a dieta do meu filhote para que ele cresça saudável?
O que é preciso ficar atento é com o crescimento desse filhote, já que é necessário que ele faça uma dieta apropriada e com as calorias suficientes para se manter saudável até atingir a vida adulta.
Por exemplo, um cão de porte pequeno pode levar em torno de dez meses para atingir o tamanho adulto. Porém, um cão de raça maior demora cerca de um ano e meio ou até dois anos para completar seu crescimento. Por isso, principalmente nesses casos, é preciso ficar de olho na quantidade de comida servida para que não haja exageros e ele cresça em um ritmo saudável.
Um cuidado que não pode faltar em uma dieta para filhotes é uma boa proporção de cálcio e fósforo na sua dieta. Isto porque esses nutrientes ajudam no desenvolvimento do esqueleto até ele atingir a idade adulta.
Uma ótima opção é a dieta crua com ossos. Ela é bem parecida com a alimentação de animais selvagens, como leões ou lobos, e tem uma proporção naturalmente equilibrada de cálcio e fósforo. Sem falar que esse tipo de alimentação também é rica em colágeno, nutriente essencial para o desenvolvimento ortopédico.
Para filhotes de raças grandes, é preciso ter um cuidado ainda mais rigoroso com a dieta, já que eles não podem crescer rápido demais. O sobrepeso ainda quando filhote pode ser extremamente prejudicial para a saúde dos ossos e articulações, que podem não conseguir se desenvolver tão rápido a ponto de acompanhar o ganho de peso. Se um filhote cresce muito rápido, há mais chances de desenvolver problemas ortopédicos, como displasias no quadril, do que aquele que cresceu magro, no tempo certo e saudável.
O processo de crescimento tem que ocorrer de forma lenta e contínua. O filhote precisa crescer e desenvolver no peso ideal - nada de filhotes redondos. Precisamos desmistificar essa cultura de achar que obesidade é sinônimo de fofura.
Qual a frequência em que devo alimentar o meu filhote?
Até os dois meses, eles mamam e comem o quanto querem. Porém, depois desse período, é preciso ter um controle na quantidade de refeições, principalmente em filhotes, já que eles têm maior facilidade de desenvolver a hipoglicemia.
O ideal é que as refeições sejam feitas da seguinte forma:
Dois a quatro meses: quatro refeições por dia;
Seis a oito meses: de duas a três refeições por dia;
Oito meses em diante e em cães adultos: apenas duas refeições por dia.
Lembrando que, para cães com estômago sensível, a recomendação é que sejam feitas pelo menos 3 refeições por dia, dependendo do tempo em que o organismo dele tolera ficar em jejum. O jejum prolongado pode ocasionar vômito biliar (apenas líquido espumoso amarelado), que é um indicativo de que para aquele cão, é necessário incluir mais uma refeição no dia (mantendo o mesmo total de alimento diário), diminuindo o tempo de jejum.
MV Giovana F. Esmanhoto Arazaki
Médica Veterinária
CRMV-PR 15.170
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