Bom, segue um contexto: eu fui criada em uma família "natureba". Lá em casa, desde sempre existiu a preocupação em comer bem: dieta sempre variada, muitos vegetais e sempre que possível orgânico. Claro que não 100% do tempo: eu também cresci comendo bolachas recheadas e achocolatado. Mas refrigerantes, salgadinhos e outras comidas do tipo eram realmente eventuais. Também sempre houve preocupação com o sono e a recomendação de dormir cedo.
Além disso, sou filha de uma mãe enfermeira e um pai que lê livros de naturopatia, indo além da medicina tradicional, logo, sempre houveram conversas sobre saúde e medicina. Sempre admirei os avanços da medicina na área de intensivismo, traumatologia, transplante de órgãos, entre outras. Porém quando o assunto era uma condição crônica, nunca me conformei com medicações de uso contínuo, que para melhorar uma condição, pioravam outra. Ou nem que fosse apenas um sinal agudo, que se resolve com uma medicação pontual e não se investiga a causa do problema.
Para mim, a medicina como é praticada na maioria dos casos, tal qual como eu também estudei anos depois, é muito reativa. A cada sintoma que aparece, se reage com um remédio "anti" alguma coisa. E na maioria das vezes, não se investiga a fundo qual o gatilho inicial para aquele sintoma.
Ou ainda, "é culpa da genética". Sem que todas as outras possíveis causas tenham realmente sido excluídas, para depois sobrar uma porcentagem verdadeiramente genética.
E eu nunca me conformei com essa abordagem, tratar sem investigar a fundo a raiz do problema.
E conforme eu fui crescendo e estudando, vi que realmente tinha muito mais coisa envolvida! Aquela história de "comer bem, dormir bem, não se estressar muito" tinha um peso muito maior na saúde do que eu imaginava.
Quando chegou o vestibular, abandonei aquela promessa de infância de virar médica e cuidar dos meus pais (quem nunca? rs) para cuidar dos bichinhos.
Durante a universidade de veterinária, aprendi a medicina convencional, como é ensinada, fiz vários estágios durante a faculdade, desde animais silvestres, passando por laboratório e a própria clínica mesmo. Mas não me identifiquei com nenhuma dessas áreas para trabalhar, creio eu que pelo mesmo motivo como nunca me identifiquei com a medicina humana: eu queria chegar na raiz do problema. E pra quem ainda não tem problema, então eu queria prevenir!
No final do quarto ano de faculdade, por curiosidade, fiz o primeiro curso de alimentação natural da Dra Sylvia Angélico para pets saudáveis. Depois daquele curso minha cabeça expandiu de uma forma que não tinha mais como voltar:
Carne crua pode?
Osso cru pode?
O melhor pra saúde não é aquela ração cara que estou dando pra minha cachorrinha?
Eu sabia que tinha algo a mais nessa história!
Já era, não tinha mais volta. Na universidade, virei a louca da sala que queria dar comida de verdade pra cachorro.
E então, me apaixonei por essa área. Ainda com receio porque não tinha um mercado de trabalho definido, tudo muito novo… Mas fui adiante.
Em agosto de 2016, quando faltava apenas o estágio obrigatório e TCC pra me formar, iniciei a pós graduação em acupuntura e medicina chinesa. Bum! Outra explosão na minha cabeça que não tinha mais volta. A medicina chinesa é simplesmente apaixonante. Tudo é energia (Qi) e o foco é na saúde, não na doença! Prevenção!
"Realizar o tratamento de um transtorno que já apareceu é como cavar um poço quando se tem sede, ou formar um exército depois que a guerra já começou". (Su Wen)
Estudando nutrição, aprendi que além da genética, existe um conceito de epigenética, totalmente influenciável pelos nossos hábitos de vida e que determina quais genes serão expressados ou não!
Comecei a trabalhar com alimentação natural para pets ainda em 2017 e com o tempo tive a oportunidade de atender cada vez mais pacientes, conhecer mais tutores dispostos a tratar seus pets de outra maneira, fazer mais cursos e conhecer mais empresas e veterinários que trabalham nesse nicho. Acompanhei o crescimento desse mercado, antes inexistente na cidade, agora já estabelecido.
Me sinto muito feliz e realizada trabalhando dessa forma: levando uma alternativa de tratamento diferente do que a maioria dos tutores já fez para os seus pets, que dá resultado, e principalmente, um tratamento em que eu acredito. Eu confio que estou fazendo o melhor pra saúde do meu paciente.
Cada vez mais admiro os tutores que atendo! Me sinto muito sortuda por trabalhar neste nicho pequeno, porém com pessoas extremamente dedicadas e preocupadas em fazer o melhor que puderem.
A cada paciente que tem sua vida transformada, a cada tutor aliviado por ter encontrado tratamento, é onde eu vejo que estou no caminho certo e que vale a pena continuar!
Agradeço a cada pessoa e pacientinho que fez parte dessa longa jornada, que está apenas no começo…
MV Giovana F. Esmanhoto Arazaki
Médica Veterinária
CRMV-PR 15.170
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